Resumo para concurso, Arquivologia
Resumo para concurso, Arquivologia

O Futuro Da Documentação Digital Em Debate

Encontro em Nova York mostra que gerenciamento de arquivos eletrônicos é essencial para a nova economia

Aconteceu este mês, em Nova York, a AIIM 2000 , o maior encontro mundial sobre gerenciamento da imagem, que reúne anualmente, nos Estados Unidos, as principais empresas que atuam neste segmento. O setor de imaging - como é chamado pelos íntimos - movimentou, em 1999, US$ 17,5 bilhões, segundo dados da AIIM International (Association for Information and Image Management). No Brasil, estima-se que os negócios já estejam ultrapassando a casa do bilhão de dólares: o Cenadem (Centro Nacional para o Desenvolvimento do Gerenciamento da Informação ) prevê que, ao longo do próximo ano, ele crescerá quase 100% no país.

A AIIM 2000 foi, certamente, uma das mais inovadoras dos últimos anos, refletindo as mudanças que vêm ocorrendo no mercado - um dos mais dinâmicos da nova economia. O desenvolvimento da indústria da imagem vem sendo acelerado pelas tecnologias de Gerenciamento Eletrônico de Documentos, ou GED. Para que vocês tenham uma idéia da importância da coisa, o GED consiste na conversão de documentos em formato físico para o meio digital, ou seja: a substituição daquelas pastas abarrotadas de papel, suspensas dentro daqueles famosos e pesados arquivos de aço, por uns poucos CDs.

Acesso a documentos se torna mais dinâmico

Mas os benefícios do gerenciamento eletrônico não ficam apenas na economia de espaço. Numa pasta suspensa, os documentos ficam guardados (ou, como chamamos tecnicamente, indexados) por um único índice: nome, número de matrícula, código ou data, e assim por diante. No mundo digital, em contrapartida, não existem limites, uma vez que a cada documento podem ser atribuídos múltiplos índices.

O que isto significa? Significa, por exemplo, que, na hora de procurar o comprovante de pagamento de um fornecedor, que ninguém sabe direito em que mês foi feito, você, ao invés de passar horas aspirando toda aquela poeira que normalmente acondiciona os movimentos contábeis passados das empresas, simplesmente digita o nome do fornecedor e navega pela lista de pagamentos apresentada, em alguns segundos, no resultado da pesquisa. Ao selecionar o comprovante desejado, eis que o documento aparece na tela, igualzinho ao original. Aí, se for o caso, basta imprimi-lo.

O fim das filas e dos arquivos perdidos

Gostou? Ainda tem mais. Quantas pessoas conseguem fazer, ao mesmo tempo, pesquisas ou levantamentos de dados utilizando os arquivos em pastas suspensas? Pois é: apenas uma. Portanto, aguarde a sua vez - e torça para que os outros devolvam os documentos intactos, na ordem original e no local correto...

E se você já estivesse no mundo digital? Ah, nesse caso, os documentos poderiam estar na sua rede local, poderiam ser consultados por quem quer que estivesse precisando consultá-los e, é claro, nunca sairiam da ordem. O resto você imagina...

Internet, de novo, é o destaque

A Internet, como aconteceu em outras feiras recentes, foi a estrela das novas tendências do setor de imaging mostradas na AIIM 2000. O evento mostrou que a integração das tecnologias é irreversível, mesmo porque o GED tem papel de crescente importância na nova economia. Tornou-se também uma realidade a absorção da tecnologias de gerenciamento da imagem por produtos de empresas de outros setores, como as de softwares de ERP (Enterprise Resource Planning, ou planejamento de recursos empresariais).

Segundo os especialistas, a implementação de projetos envolvendo tecnologias de documentação tem migrado de uma motivação no plano tático (economia de custos, eficiência) para o plano estratégico (aumento do valor, e satisfação do cliente). Nesta perspectiva, a AIIM 2000 consolidou a conceituação do Gerenciamento de Conhecimento (Knowledge Management - KM). Boa parte das palestras foi dedicada ao tema, que tem na estrutura de Internet/Intranet/Extranet os mecanismos para o alcance de seus objetivos, pois permite aos diversos públicos o acesso, o compartilhamento e a geração de informações. Como afirmou James Watson, presidente da Doculabs, grande empresa de consultoria da área, o importante ao discutir a tecnologia é não perder o foco no problema do negócio.
Disseminação Seletiva Da Informação Ou SDI (Seletive Dissemination Of The Information)

SDI (Seletive Dissemination of the Information = Disseminação Seletiva da Informação) é o serviço de canalização de dados novos de informação para os setores onde terão grande probabilidade de utilidade. Hoje, o SDI apoia o usuário na obtenção da informação, mas não é a única resposta aos seus interesses, precisando contar com outros meios de alerta, como: comunicação pessoal, colégios invisíveis, conferências ou chamadas telefônicas.

"O processo de disseminação da informação envolve:
1) a coleta da informação produzida;
2) a indexação dessa informação;
3) a divulgação da informação aos usuários; e
4) tornar essa informação acessível aos outros."

Isto faz que a SDI dependa da eficiência: de quem produz a informação, dos pesquisadores, dos responsáveis pela classificação, da central de serviços de documentação, e dos usuários. Aspectos do serviço de SDI: bases de dados, centros de serviços, programas de busca, meios de comunicação, custos, intermediários, e perfis dos usuários. "O objetivo principal dos serviços de SDI é reunir a literatura mundial corrente e anunciá-la seletivamente para uma grande comunidade de usuários."* *(Conforme HOUSMAN, 1973 - citado por LONGO, Rose Mary Juliano, em: Sistemas de Recuperação de Informação: disseminação seletiva da informação e bases de dados. Brasília: Thesaurus, 1979. p. 83).

As vantagens da SDI são: redução do tempo de exame e seleção da literatura corrente; expansão da abrangência, incluindo as publicações "marginais" não disponíveis aos usuários; maior uso da coleção pelos usuários, incentivando uma ação mais ativa do bibliotecário; a redução da duplicidade de experimentos e de projetos de pesquisa, devido a um maior conhecimento dos usuários sobre as novidades de suas áreas; ajuda na seleção e aquisição de material bibliográfico em larga escala; etc.

Os tópicos mais importantes, que devem ser considerados em SDI, são: construção de perfil, material de apoio, interação dos usuários, o intermediário e a avaliação.


O perfil do usuário pode ser melhor construído, através de uma narração escrita pelo mesmo, sobre seu trabalho, durante uma entrevista pessoal. Mas, quando isto não é possível, podem ser usados outros recursos, tais como: treinamento de editores de busca por seminários, visando explicar os sistemas e as peculiaridades das bases de dados; publicação de manuais de orientação; confirmação, com os usuários, de que seus objetos de pesquisa foram precisados nos perfis traçados; avaliação dos resultados dos perfis, mantendo a possibilidade de modificações, acréscimos e/ou anulações pelos usuários.

Perfis lógicos provêm do software para uma possível recuperação da informação. A Lógica Booleana consiste de operações algébricas utilizando E, OU e NÃO. Os operadores (E, OU e NÃO) podem ligar palavras-chaves conforme as necessidades. A truncagem objetiva a recuperação de termos através da entrada de uma palavra-chave truncada, funcionalizando a recuperação de termos de mesmo radical, além de muitos afixos procurados. A truncagem é representada pelo asterisco (*).

Peso é o valor numérico do perfil. A lógica "IGNORE' tem o mesmo valor do peso negativo e evita a lógica Booleana NÃO e permite a recuperação de referências que contenham o termo a ser ignorado. A lógica WITH utiliza terminais "on-line" e permite a recuperação de muitos termos em quantidades pré-definidas e mais quantos espaços se quiser. Há alguns problemas em serviços de SDI, tais como: a padronização das bases de dados, a retroalimentação dos usuários, o custo, o fornecimento dos documentos aos usuários, os desenvolvimentos recentes e as tendências futuras.

Os Serviços de SDI nos EUA

ARS/CALS: ARS (Agricultural Research Service) ligado ao USDA (United States Department of Agriculture), utilizando as seguintes bases de dados: CT (Chemical titles), CACON (par e ímpar), BIOSIS Breviews, COMPENDEX (Computerized Engineering Index), CAIN (AGRICOLA), GRA (Government Reports Announcements), WTA (World Textile Abstracts) e FSTA (Food Science and Technology Abstracts). Seu software oferece: Lógica Booleana, Truncagem, Peso e Elementos de Busca. O ARS/CALS (CALS = Current Awareness Literature Search - ligado à DSAD = Data Systems Aplication Division) é completamente dependente do usuário, que desenvolve e modifica seu próprio perfil.

Vantagens:
• menores custos do sistema;
• melhor relacionamento entre o usuário e o sistema;
• maior educação do usuário;
• não há custos a relatar.

O ARS/CALS não tem nenhuma capacidade de editoração. O serviço parece útil como apoio à pesquisa e válido como experiência educacional.

GIDC - Georgia Information Dissemination Center (Centro de Disseminação da informação da Universidade da Georgia):começou em 1968 financiado pela NSF (National Science Foundation), para criar um sistema computadorizado de recuperação da informação, durante 3 anos, com a própria Universidade passando a fornecer as verbas após este período. Software: OPIUM (On-line Profile Input and Uptade Management) - construtor de perfis; TEXTSRCH - principal programa de busca;

Programa de SDI. Bases de dados: AGRICOLA, BIOSIS, CACON, COMPENDEX, ERDA (Energy Information Data Base), ERIC, GRA, Sociological Abstracts, NSA (Nuclear Science Abstracts), PA (Psychological Abstracts), INSPEC (Information Service in Physics, Eletrotechnology and Control), etc. Características: Lógica Booleana, Truncagem, Peso e Elementos de Busca. Perfis: construídos por especialistas ou administradores de bases de dados da Universidade da Georgia, com entrada de dados em terminais de CRT (Cathode Ray Tube). O máximo de termos por perfil é 240. O número máximo de referências output é 10% de cada fita magnética e a listagem possui mais de 500 referências. Custos: gratuito para todos da universidade: US$ 5.00 para usuários externos. IITRI/CSC: IITRI - Illinois Institute of Technology Research Institute CSC - Computer Search Center O CSC faz parte da seção de Ciências da Informação (IS - Information Science) do IITRI. O serviço de SDI do IITRI é oferecido on-line e em "batch mode". Software: PRILIB (Private Libraries). Sua característica mais importante é sua flexibilidade, permitindo expansão sem reprogramação extensiva. Características do software e das lógicas envolvidas: agregação dos termos de busca; lógica Booleana; truncagem; opções de saída das listagens; autor ou peso; opções de formato das listagens; opções de suporte de saída; saída reformatada; facilidade de biblioteca particular. Elementos de busca: palavras no título, palavras-chaves, descritores, autores, números de registro, fórmulas moleculares, CODEN. Permite que cada usuário tenha 10 perfis com um máximo de 100 termos no total, feitos pelo próprio assinante, podendo serem modificados quantas vezes os usuários quiserem. O custo é variado, ficando a escolha a cargo do usuário, conforme suas necessidades.

ISI/ASCA: ISI (Institute for Scientific Information) ASCA (Automatic Subject Citation Alert) - O ASCA um serviço de SDI multidisciplinar e internacional, oferecido pelo ISI, em operação desde 1965. O software foi desenvolvido pelo próprio ISI e está disponível para os que comprarem as fitas magnéticas. Características do software: lógica Booleana, truncagem, "chinese menu" e elementos de busca. Outras bases de dados: SCI e SSCI. Perfis: construídos a partir de uma declaração do próprio usuário sobre seus interesses, com os nomes de 5 a 10 autores que publicaram os artigos mais importantes e de 5 a 10 artigos mais conhecidos e até 10 palavras-chaves significativas. Também apresenta variedade de custos, conforme os interesses dos usuários.


O Modelo Sistêmico De Organização Dos Arquivos Norte-Americanos

A gestão de documentos originou-se na impossibilidade de se lidar de acordo com os moldes tradicionais, com as massas de documentos, cada vez maiores, produzidos pelas administrações. Os volumes documentais crescem numa progressão geométrica e é necessário que se estabeleçam parâmetros para sua administração. Essa perspectiva surge a partir de reformas administrativas instaladas nos EUA e no Canadá, no final da década de 40.

Nos primeiros momentos do pós-guerra, estabeleceram-se princípios de racionalidade administrativa, a partir da intervenção nas diferentes etapas do ciclo documental: produção, utilização, conservação e destinação de documentos. Uma das maiores repartições públicas é a do governo federal dos EUA, que produz documentos em quantidade excessiva.

O modelo sistêmico de organização dos arquivos norte-americanos representa a primeira tentativa de ruptura da tradição arquivística européia, caracterizada pela ênfase aos arquivos permanentes ou históricos. A opção dos Estados Unidos por esse modelo deu-se no âmbito de importantes mudanças político-administrativas ocorridas naquele país depois da Segunda Guerra Mundial.

A Comissão Hoover de Reorganização do Poder Executivo (Hoover Comission on the Reorganization of the Executive Arm of the Government) fez um estudo completo da organização e funcionamento da repartições federais, criou um programa que simplificou e uniformizou os métodos contábeis e fiscais em todo o país, ficando grandemente reduzido o volume de documentos relativos a este assunto.

A instalação da Comissão Hoover, inicia um processo de profunda reforma administrativa, na área do controle, sobre a geração, armazenamento e destinação da documentação produzida pelo governo federal. Entre essas reformas estão: a transformação do National Archives establishment em National Archives and Records Services; a criação de um sistema federal de arquivos intermediários (Federal Centers e Records Centers); e a assinatura do Federal Records Management, ou seja, a gerência de documentos desde a sua produção até a sua destinação final.

O impacto causado por essas reformas na teoria arquivística se fez sentir pela conseqüente enunciação da teoria das três idades, onde os arquivos correntes e intermediários são comparados em status, ao arquivo histórico.

A lição do modelo norte-americano é significativa: centralização administrativa, descentralização regional dos depósitos federais e independência dos arquivos estaduais em relação à estrutura do governo federal. A legislação dos estados, por sua vez, é inteiramente independente da do governo federal.


Arquivologia: Cenário Atual

Em diversos aspectos de sua evolução, aa arquivística sofreu influências da atualidade, nem sempre condizentes ou inerentes às reais necessidades dos arquivistas que dele cuidam. Sabe-se que ainda existem diversos acervos em várias partes do mundo que são extremamente mal administrados, em geral, pela própria falta do profissional habilitado e/ou qualificado para a função.

A Gerência de Recursos Informacionais, que tem sido implementada em diversas organizações, é uma das mais importantes evoluções do mercado e, apesar da consistência dos cursos de biblioteconomia, este é um espaço mais voltado ao trabalho de arquivistas, por lidar, em grande parte, com documentos, dossiês, unidades de informação, arquivos e aspectos da informática voltadas aos procedimentos arquivísticos.

A grande disseminação de documentos eletrônicos traz a problemática do virtual para a questão da arquivologia e seu papel no mundo atual. A questão principal é como poderá ser definido o arquivamento e a gestão de documentos eletrônicos. Esta preocupação deve-se a necessidade de dar autenticidade, unicidade, valor de prova e confiabilidade aos documentos eletrônicos e à internet. É por este motivo que os arquivistas desenvolvem várias pesquisas em busca de soluções.

No plano dos documentos em papel e outros materiais, ainda é lento o desenvolvimento de ações que visem a melhorar as condições do acervo, contrapondo-se diretamente com a busca da otimização dos Sistemas de Recuperação de Informação, que ainda são muito lentos. A grande dificuldade em se obter tal melhoria, vem da deficiência de muitos 'arquivistas', que exercem a profissão sem jamais procurarem por uma atualização e um aperfeiçoamento profissional.

Um dos pontos mais benéficos da arquivística atual, tem sido a crescente procura pela padronização da organização dos mais variados fundos, através do emprego da Norma ISAD(G). Além disso, com o desenvolvimento da consciência sobre a importância dos documentos em seus diversos aspectos e características, além da necessidade do empreendimento de métodos mais eficientes e mais eficazes para a disseminação seletiva da informação, deu aos arquivos o aspecto que mais se aproxima de suas reais funções: a assessoria para as tomadas de decisão - mesmo quando não se encontra, na estrutura, em posição de staff.

Assim, espera-se que em um futuro próximo, os arquivistas sejam, então, reconhecidos por sua vital importância no desenvolvimento das atividades das organizações (sejam elas quais forem), pois, só assim, ser-lhes-á possível desenvolver e aprimorar os serviços de gestão de documentos, de GRI, e o aperfeiçoamento dos SRIs e DSIs existentes.


Gestão Da Informação: Uma Questão De Qualidade

Muito se ouve falar, nos tempos atuais, em qualidade - qualidade de vida, produtos de qualidade, etc. -, mas pouco foi dito sobre a estreita ligação que há entre qualidade e informação. "A gestão de qualidade prevê o aporte do conhecimento necessário para a empresa poder ofertar produtos de acordo com os requisitos do mercado. Esse conhecimento é adquirido por meio da informação que, como insumo principal da empresa, é utilizada para capacitar as pessoas e estabelecer um sistema organizacional que as orienta e instrua sobre como executar suas atividade." (MOURA, 1995)

O pensamento acima, descrito por Moura (1995), reflete bem essa interligação entre qualidade e informação, numa relação de dependência direta. Foi dito anteriormente que a informação agrega valor durante o seu fluxo pelos diversos setores da organização. A informação, para possuir valor agregado que gere qualidade e posterior lucro, deve obedecer aos critérios pré-estabelecidos por MORESI (2000), TARAPANOFF, ARAÚJO JÚNIOR & CORMIER (2000) e estar de acordo com DRUCKER ("O gerente eficaz", 1981 e sua entrevista à Revista Exame, 2000) e CIANCONI (1981).

Moura complementa dizendo que: "A informação como insumo básico das empresas está presente em todas as suas atividades, desde o conhecimento do mercado e definição dos produtos, até a produção dos mesmos, passando pelo sistema de suprimentos e vendas. Não se trata de ter o processamento de dados mediante o uso de computadores, e sim de prover o conhecimento e orientações necessários a cada posto de trabalho, a cada processo, a cada função da empresa, no momento certo e na precisão requerida." (MOURA, 1995)

O óbvio da gestão da informação na busca da qualidade total gera a questão abordada por MOURA (1995, p.7) ao tratar da gestão da qualidade, que se define no sistema de qualidade. "O sistema de qualidade deve ser estruturado de acordo com a realidade de cada empresa, porém podem ser identificados pontos comuns, definidos pelas normas NBR ISO série 9000, especialmente no que tange às informações necessárias para garantir a qualidade dos produtos, sendo exatamente esse ponto que trata o presente estudo: como estabelecer um sistema de informação para o sistema de qualidade das empresas. "Uma visão do sistema de qualidade

"O sistema da qualidade, conforme apresentado nas normas NBR ISO série 9000, estabelece que, ao longo da cadeia de produção de uma empresa, devam ser definidos procedimentos e responsabilidades para aqueles processos e atividades que afetam a qualidade do produto, bem como que sejam mantidos registros que evidenciem que o processo foi executado conforme estabelecido na documentação. A empresa deve, portanto, estabelecer uma devida organização da documentação que contenha os procedimentos, os planos e programas, assim como registros a respeito do ocorrido ao longo da produção." (MOURA, 1995, p.7)

As organizações ou empresas, ao buscar a qualidade total, implementam normas, definem responsabilidades, bem como esclarecem sobre os procedimentos dos processos, os planos e os registros. Tudo isso determina a forma pela qual os documentos serão geridos.

Deve-se interrelacionar os quesitos que tornam os sistemas eficientes, tais como: o Manual de Qualidade, com as normas internas da organização; o Regimento Interno, com as normas internas da organização e a possibilidade de aplicação da Norma geral Internacional de Descrição Arquivística (Norma ISAD(G)), otimizando a informação arquivística e dando consistência aos registros; os procedimentos com as ações que o complementam, suas instruções e seus respectivos registros, obedecendo a normatização do Manual de Qualidade e dando suporte para a construção da inteligência organizacional e para a melhoria do Sistema de Recuperação da Informação (SRI).

A tecnologia da informação, cada vez mais presente no dia a dia das organizações, vem exercendo forte influência nas perspectivas de desenvolvimento destas.

A informática, desde o seu surgimento como ciência, tem buscado fornecer elementos que otimizem a produção de bens e a circulação de informações de forma precisa e em tempo real. Para uma organização moderna e informatizada, existe o que se chama de GED (Gerenciamento Eletrônico de Documentos). Mas o GED não elimina a necessidade de se manter um acervo de documentos em papel.

Apesar da efetividade da informática, muito ainda falta para a otimização dos serviços informatizados. Mesmo com a aprovação da assinatura eletrônica, ainda não é confiável nem praticável a informatização dos serviços de forma plena. Até mesmo quanto à produção, mesmo com toda a eficiência das máquinas, "É ilusório imaginar que a simples utilização da tecnologia da informação no sistema produtivo irá trazer ganhos substanciais de qualidade e produtividade.

Não são raros os casos em que estratégias empresariais centradas na automação, alta tecnologia e informatização de processos produzem resultados pífios em termos de economias de custos e melhoria de desempenho organizacional. De forma geral, boa parte dos insucessos explica-se pelo fato de que as referidas estratégias foram adotadas sem alterações profundas no estilo gerencial, nas práticas organizacionais e na política de capacitação e desenvolvimento dos recursos humanos." (VALLE, 1996)

Outro ponto a ser considerado é que "A vantagem competitiva de qualquer organização começa com as pessoas, sua disciplina, motivação, qualificação e participação. Assim, antes da compra de equipamentos intensivos em tecnologia avançada, deve-se investir no potencial criativo e inovador das pessoas, desenvolvendo nelas novas habilidades e integrando-as plenamente ao processo de trabalho, com treinamento e educação geral. A capacidade criativa do trabalhador é um ativo valioso, parte integral da tecnologia da empresa." (VALLE, 1996)

CARVALHO & KANISKI (2000, p. 37) dizem que "É ilusório defender que a aplicação das tecnologias da informação elimina a necessidade de organização do conhecimento." Com o advento dos documentos eletrônicos e as diversas possibilidades oferecidas pela internet, surge um novo conceito de gestão de documentos, ainda sem forma definida e sem os parâmetros que definirão sua utilização futura, visto que há uma constante evolução de tecnologia, tanto no que concerne ao software quanto ao hardware. "Oferecer condições apropriadas para desenvolver e aperfeiçoar a capacidade de expressão e de criação do fator humano é condição básica para a inovação e competitividade empresarial. A ênfase é que a organização seja uma instituição de aprendizagem contínua, que estimule e desenvolva o talento individual e na qual o pensamento analítico e abstrato da força de trabalho seja requisito imprescindível." (VALLE, 1996)

Desta forma, todos os funcionários envolvidos em tarefas distintas ou correlatas terão capacidade de empreender soluções através das informações de que disponham. Outrossim, caberá ao arquivista, como gerente da informação, proporcionar a melhoria do fluxo informacional e a aceleração de seu sistema de recuperação.


Produção De Inteligência

A seqüência abaixo ilustra, de forma sintética, os diferentes níveis hierárquicos da informação, seus diferentes caminhos de evolução e o que cada nível engloba:

Dados:
classe mais baixa da informação;
matéria-prima na produção de informações;
sinais não processados;
coleta: interna ou externa.

Informações:
dados processados;
geram hipóteses e suas conseqüências;
solucionam problemas;
explanações e justificativas de sugestões;
críticas de argumentos.

Conhecimento:
aprendizado de informações;
torna informações em utilizáveis para processamento e elaboração;
pode resultar de inferência na sua própria estrutura.

Inteligência:
informação como oportunidade;
conhecimento sintetizado;
base do processo decisório;
sua efetividade é o que gera experiência.

A construção da inteligência organizacional remete à busca pelo sucesso profissional. Deve-se lembrar que toda inteligência deve ser atualizada constantemente. A eficiência do sistema de informações depende exatamente da formação dessa inteligência.

"Infelizmente a inteligência está longe de ser definida. Além de toda a sua carga subjetiva, ela tem um componente dinâmico muito acentuado (o que era considerado inteligência no início do século, hoje não é... sem contar as 'verdades' culturais.

"Em 1921, uma publicação americana da área de psicologia solicitou a 14 famosos psicólogos definições sobre o que era a inteligência. Apesar da diversidade de definições, duas predominaram:
1) A capacidade de aprender com a experiência e
2) a capacidade de se adaptar às mudanças do ambiente.

"Em 1986, outros especialistas foram convidados e repetiram as mesmas teorias de 1921: a importância da capacidade de aprender e se adaptar.

"Hoje, os especialistas atribuem maior ênfase à metacognição, à compreensão e ao controle que as pessoas têm de seus processos de raciocínio, traduzidos na capacidade de solucionar problemas e de tomar decisões. Outro ponto forte da definição moderna da inteligência é a ênfase no papel da cultura. O que é considerado inteligente em uma cultura pode ser considerado estúpido em outra. O comportamento que leva ao sucesso em um ambiente pode levar ao fracasso em outro." (CARDOSO, Vencer!, maio/2001, p. 37-38).

A definição acima em muito se identifica com a prática organizacional. JOSÉ CARLOS BOICZUK REGO, na "Vencer!" de fevereiro de 2001, ao falar sobre os três "Cs" que trazem o sucesso, coloca o conhecimento como um deles. Os três "Cs" seriam o CONHECIMENTO, a CONTRIBUIÇÃO e o COMPROMETIMENTO.17

Há que se lembrar que, segundo MORESI ((2000), é o conhecimento sintetizado que compõe a inteligência. Mas, o mesmo MORESI (2000) afirma que a experiência também forma a inteligência, e a experiência vem exatamente de uma vivência organizacional de conhecimento, contribuição e comprometimento. É também de MORESI (2000) a adaptação do referencial multivisão de AVISON & TAYLOR (1997).

"O referencial multivisão (Avison & Taylor, 1997), que consiste em uma abordagem contingencial, é mais adequada que as demais, por ser uma técnica exploratória neste tipo de atividade. Ela oferece um referencial que orienta o analista na escolha das técnicas e das ferramentas para a solução de qualquer situação-problema e também recomenda documentação e outras normas. Existem várias situações em que este método foi usado com sucesso." (MORESI, 2000, p.22)

Assim, MORESI (2000) passa a sugerir que, no planejamento e no desenvolvimento de seu sistema de informação, a organização considere uma análise que capacite conclusões sobre: a estratégia de implantação do sistema, a organizacionalidade dos aspectos referentes às necessidades de informação da organização, sua importância em relação a geração de economia e aumento de produtividade, e a capacitação tecnológica, de forma a acompanhar a evolução.

Com isso, o referencial multivisão toma um formato de quebra-cabeças, fazendo a integração de cinco aspectos da importância da informação nas organizações, a saber: a) Análise Organizacional, b) Análise e Projeto Sóciotécnico, c) Desenvolvimento de Sistemas de Informação, d) Modelagem e Análise da Informação, e e) Projeto e Implementação Técnica. A cadeia de valor aparece, então, como o conjunto das atividades executadas no "sistema de informação, proporcionando sustentação ao processo decisório de uma organização". (MORESI, 2000)

No esquema de MORESI (2000) para a cadeia de valor, "O fluxo da informação em uma organização é um processo de agregação de valor, e o sistema de informação pode ser considerado como a sua cadeia de valor, por ser o suporte para a produção e a transferência da informação."


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